A pandemia do novo coronavírus estabeleceu um novo padrão de consumo e criou novas oportunidades de negócio dentro do que o mercado chama de “‘economia do baixo contato”.
Essa nova fase é caracterizada por interações com menos proximidade, medidas mais restritas de saúde e segurança, novos comportamentos humanos e mudanças na indústria.
O relatório “Economia do Baixo Contato”, divulgado pela consultoria Global Board of Innovation, revela o que os empreendedores podem fazer para recuperar seus negócios e aponta 30 oportunidades nas quais poderão investir no pós-pandemia.
Segundo o estudo, entre os setores que devem ter mais impacto na nova economia estão bem-estar em casa, diagnóstico privado remoto, rastreamento de saúde, aluguel de equipamentos domésticos e comércio eletrônico otimizado.
“Muitas pessoas estão trabalhando de casa, o que será um desafio para as empresas mas, ao mesmo tempo, pode criar oportunidades simples para o mercado resolver”, exemplifica Nick de Mey, fundador do Board of Innovation, citando plataformas de comunicação e cibersegurança como áreas que estão crescendo com o trabalho e a educação a distância.
No relatório, alguns projetos em desenvolvimento são citados nos setores de turismo, mobilidade e entretenimento. Um exemplo é o projeto conceitual de aviões adaptados da AvioInteriors, que prevê separações entre passageiros e assentos de lados opostos para evitar a contaminação dos tripulantes.
Também foi citada a plataforma de comunicação Zoom, que no final de maio tinha valor de mercado de US$ 49 bilhões e já valia mais que as sete maiores companhias aéreas do mundo juntas (Southwest, Delta, United, American Airlines, IAG, Lufthansa e Air France-KLM).
Na avaliação do Board of Innovation, o Brasil, assim como os EUA e alguns países da Europa, devem usar a Ásia e Oriente Médio como exemplo em recuperação econômica, uma vez que “estão dois meses na frente”, já que foram os primeiros a vivenciar a pandemia.
Pequenas empresas são mais flexíveis
Neste cenário que favorece a inovação, as pequenas empresas saem disparadas na frente. Segundo o relatório da Board of Innovation, 41,5% das pequenas empresas, incluindo startups, investiram em novos produtos e serviços, enquanto apenas 21,1% das grandes companhias realizaram o mesmo movimento.
Segundo Bruno Loreto, cofundador da Terracotta Ventures, que levanta fundos de venture capital para construtechs da América Latina, o mercado brasileiro vive sob incertezas econômicas, sociais e políticas, o que dificulta que grandes empresas, como construtoras, invistam em tecnologia e inovação e flexibilizem seus projetos de forma rápida. No setor de construção civil, explica ele, os imóveis comerciais são os mais impactados, uma vez que o mercado como um todo será reconfigurado pela “economia do baixo contato”.
E para uma mudança verdadeira, que deve levar pelo menos dois anos, as empresas não podem ficar “dentro do casulo”, aconselha Bruna Lima, especialista em inovação.